A inclusão da pessoa atípica no mercado de trabalho é um grande desafio, pois se de um lado estão as empresas tentando se adequar para promover modificações, que já são asseguradas por leis, para a inserção delas dentro de seus quadros colaborativos, do outro está a pessoa atípica que sofre dificuldades na busca de uma vaga adequada para seu perfil. De acordo com o registro administrativo do Ministério do Trabalho, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2018, pouco mais de 440 mil Pessoas com Deficiência (PcDs) estavam empregadas, número ainda muito distante do total de pessoas atípicas no país, que correspondiam em 2010, ano do último Censo Demográfico realizado no Brasil, pouco mais de 8 milhões de pessoas.
Diversos fatores contribuem para que estes números estejam abaixo do ideal. A psicopedagoga e especialista em educação especial, Ana Regina Caminha Braga, lista alguns pontos que favorecem a baixa contratação de PCDs, desde a escassez de recursos, investimentos financeiros e formativos das organizações, até a falta de compreensão das pessoas típicas sobre o processo de inclusão.
De acordo com a psicopedagoga, o desenvolvimento de integração das pessoas com necessidades especiais no mercado de trabalho deve sempre avaliar algumas condições, a fim de que este profissional consiga realizar suas funções com autonomia, proatividade e desempenho elevado, sempre reconhecido por parte dos supervisores e colegas, as habilidade e limitações que o colaborador atípico possui, o respeitando em sua adversidade. Além disso, parte essencial neste processo de inserção, refere-se à adequação das estruturas físicas das instituições como estruturas arquitetônicas de rampas, elevadores, portas alargadas e banheiros adaptados. Acessibilidade é um dos temas mais frequentes de reivindicação das pessoas atípicas.
As leis para que todas estas regulamentações sejam colocadas em prática nas organizações existem, e amparam a pessoa atípica de modo a assegurar sua devida inclusão na esfera profissional. Contudo, segundo Ana Regina, é preciso que as empresas empreguem um colaborador atípico, sem pensar apenas em preencher as cotas exigidas pelos Órgãos superiores.
Ela ainda ressalta que, a conscientização para a inclusão deve iniciar dentro do familiar e no ambiente escolar. Na escola inicia-se pela educação básica, sendo essa uma das primeiras etapas para que no futuro, as pessoas possam, de maneira respeitosa, acolher os colegas atípicos, em qualquer ambiente, incluindo o empresarial. Ela reforça que um dos grandes desafios que a pessoa atípica enfrenta é a discriminação e o preconceito dos profissionais e dos colegas, por não conhecerem a síndrome/deficiência que a pessoa dispõe, e acabam por cometer atos intolerantes.
Por fim, segundo a psicopedagoga, torna-se necessário que a própria pessoa atípica tenha consciência dos caminhos que ela quer tomar com base nas habilidades que domina, levando em conta que dentro das empresas todo o trabalho é realizado em equipe, ressaltando que mesmo tendo limitações, o colaborador atípico deve sempre manter-se firme em suas colocações e ideias e que o respeito de ambas as partes deve prevalecer acima de tudo.
Foto: Psicopedagoga e especialista em educação especial, Ana Regina Caminha Braga.
Crédito: Priscilla Fiedler